aula 7
#
Genética e melhoramento animal
—
**# Sistemas de acasalamento
## Endogamia
Acasalamento entre indivíduos proximamente **aparentados** com seus ancestrais; média de parentesco maior que a existente entre os indivíduos da população.
A endogamia gera **consanguinidade!!!**
## Exogamia
Compreende o acasalamento entre indivíduos pertencentes a populações **não** estreitamente **aparentadas.**
A exogamia é amplamente utilizada para se obter as vantagens da **heterose ou vigor híbrido!!!**
# Endogamia
– O estudo da endogamia surge devido ao fato de ocorrer na população, **acasalamentos entre indivíduos que sejam parentes**, ou seja, possuem pelo menos um ancestral comum.
– É um sistema de acasalamento em que os indivíduos apresentam um grau de parentesco superior a média da população.
– Exemplo: Acasalamento entre pai e filha (**v1** ou **o,5** ou **50%** é o grau de parentesco).
Endogamia
O acasalamento endogâmico não cria novos alelos, porém altera
as frequências dos genótipos dos indivíduos da população
endogamia
exogamia
Acasalamento entre pai e filha gerou um novo gene causador de uma anomalia
?
# Endogamia gera consanguinidade
– A **consanguinidade** aumenta a homozigose, reduz a heterozigose; assim, aumenta as chances de genes recessivos, que estavam encobertos nos heterozigotos, se expressarem.
– Consequências da endogamia: redução do valor fenotípico médio, em especial sobre a reprodução, sobrevivência e vigor dos animais.
– Essas consequências resultam de um fenômeno chamado depressão endogâmica.
# Coeficiente de parentesco
É a probabilidade de que DOIS INDIVÍDUOS apresentem alelos idênticos por serem cópias de um ascendente comum.
1: Meios-irmãos (um ancestral comum)
Meios-irmãos têm probabilidade de terem 25% de genes idênticos.
# Coeficiente de parentesco
2: Irmãos completos
(dois ancestrais comuns)
Image
Irmãos completos têm probabilidade de terem 50% de genes idênticos.
3: Primos primeiros simples
(dois avós em comum)
Image
primos primeiros têm probabilidade de terem 12,5% de genes idênticos.
# Coeficiente de parentesco
x
Coeficiente de endogamia
# Coeficiente de endogamia
É a probabilidade de UM INDIVÍDUO apresentar 2 alelos idênticos (homozigoto recessivo) por serem cópias de um ascendente comum.
– \( F_{(X)} = \sum \left( \frac{1}{2} \right)^{n_1 + n_2 + 1} \cdot (1 + F_{Anc}) \)
– \( F_{(X)} \) é o coeficiente de endogamia do indivíduo X;
– \( n_1 \) é o número de gerações partindo de um dos pais até o ancestral comum;
– \( n_2 \) é o número de gerações partindo do outro pai até o ancestral comum;
– \( F_{Anc} \) é o coeficiente de endogamia do ascendente comum;
– \(\sum\) é a soma de \((V_2)_{11+n_2+1}\) (\(1+F_{Anc}\)) para cada ascendente comum.
# Coeficiente de endogamia
– Quando o animal não tem ancestral com grau de endogamia:
\[F_{(X)} = \sum \left(\frac{1}{2}\right)^{n_1+n_2+1}.\]
—
\[(F_{Anc} = 0)\]
# Coeficiente de endogamia
Exemplo 1:
\[\begin{array}{c}
\text{D} \\
\downarrow \\
\text{A} \\
\end{array}\]
\[\begin{array}{c}
\text{E} \\
\downarrow \\
\text{B} \\
\end{array}\]
Quero saber o coeficiente de endogamia do indivíduo X:
\[F_{(X)} = \sum \left(\frac{1}{2}\right)^{n+1+n+2+1}\]
\[F_{(X)} = \sum \left(\frac{1}{2}\right)^{1+1+1}\]
\[F_{(X)} = \left(\frac{1}{2}\right)^3\]
\[F_{(X)} = \frac{1}{8} = 0,125\]
—
**Interpretação:** O indivíduo X tem probabilidade de apresentar 12,5% a mais de locos em homozigose em relação a indivíduos não-endogâmicos.
# Coeficiente de endogamia
**Exemplo 2:**
\[\mathbf{F}_{(X)} = \sum \left( \frac{1}{2} \right)^{n+1+n^2+1}\]
Quero saber o coeficiente de endogamia do indivíduo \( X \):
\[F_{(X)} = \left( \frac{1}{2} \right)^{n+1+n^2+1} + \left( \frac{1}{2} \right)^{n+1+n^2+1}\]
\[F_{(X)} = \left( \frac{1}{2} \right)^{1+1+1} + \left( \frac{1}{2} \right)^{1+1+1}\]
\[F_{(X)} = \frac{1}{8} + \frac{1}{8} = \frac{1}{4} = 0,25\]
—
A B A B
**Interpretação:** O indivíduo \( X \) tem probabilidade de apresentar 25% a mais de locos em homozigose em relação a indivíduos não-endogâmicos.
# Coeficiente de endogamia
– Quando o ancestral comum (responsável pelo parentesco entre os pais) também for endogâmico, a probabilidade de que os alelos presentes nos gametas dos dois progenitores sejam idênticos por descendência é aumentada.
– Nesse caso é necessário incluir uma correção apropriada para o coeficiente de endogamia do ancestral comum, ou seja o \( F_{\text{ANC}} \neq 0 \).
\[F_{(x)} = \sum \left(\frac{1}{2}\right)^{n_1 + n_2 + 1} \cdot (1 + F_{\text{ANC}})\]
# Coeficiente de endogamia
**Exemplo 3:**
– **E**
– **H**
– **X**
\[F_{(X)} = \sum \left( \frac{1}{2} \right)^{n/2 + n/2 + 1} \cdot (1 + \frac{F_{Anc}}{4})\]
\[F_{(X)} = \sum \left( \frac{1}{2} \right)^{1 + 1 + 1} \cdot (1 + \frac{1}{4})\]
\[F_{(X)} = \left( \frac{1}{2} \right)^3 \times \frac{5}{4}\]
\[F_{(X)} = \frac{1}{8} \times \frac{5}{4} = \frac{5}{32} = 0,156\]
—
**Interpretação:** O indivíduo X tem probabilidade de apresentar 15,6% a mais de locos em homozigose em relação a indivíduos não-endogâmicos.
# Consequências da endogamia
## Endogamia x Problemas
– Anomalias
– Depressão endogâmica
A endogamia não cria nenhum gene deletério na população.
O que ocorre, de fato, é um aumento de pares de genes em homozigose, e **muitas anomalias congênitas se manifestam somente em homozigose recesiva.**
# Consequências da endogamia
## Endogamia x Problemas
### Depressão endogâmica
É a manifestação das combinações gênicas desfavoráveis
Diminuição da produção, mesmo sem apresentar anomalias
Gera prejuízos econômicos
# Consequências da endogamia
## Endogamia x Anomalias
– **Catarata congênita**
– **Prognatismo mandibular**
– **Agnatismo mandibular**
– **Condrodisplasia**
—
### Lábio leporino
# Consequências da endogamia
Algumas anomalias genéticas que ocorrem em bovinos:
– Amputação: os animais afetados possuem um ou mais membros defeituosos
– Hipoplasia de ovário ou testículo: o animal nasce sem uma ou sem as duas gônadas
– Espasmos letais congênitos/ Epilepsia
– Hidrocefalia
– Cauda torcida
– Tetas supramumerárias
# Consequências da endogamia
A endogamia tem seus pontos positivos também…
– Utilizada na formação das raças, gerando uniformidade de rebanhos, principalmente em padrões raciais, fixação de características peculiares.
– Detecção de genes deletérios, que podem estar “camuflados” em heterozigose, associada à seleção com descarte de indivíduos portadores.
– Formação de linhagens de aves e suínos, para posterior cruzamento entre essas, beneficiando-se da heterose, resultante da heterogisolade.
# Exogamia
Sistemas de acasalamento
Ao acaso
Parentes
Não parentes
# Exogamia
ou cruzamento: É um sistema de acasalamento em que os indivíduos apresentam um grau de parentesco inferior a média da população.
– Exemplo: Europeu x Zebu.
– Resulta em um fenômeno chamado heterose, contrário à depressão endogâmica.
—
**Por que Cruzar?**
—
**Heterose**
– Bezerros cruzados
tem melhor desempenho do que a média dos pais puros
**Complementariedade**
– Redine em um animal característica de DUAS ou mais raças
**Características de Importância Econômica Adaptação + Produção**
– Produtivo
+ Adaptado
+ Ejeciente
+ Resistente
# Exogamia
O cruzamento é o acasalamento entre indivíduos de raças, variedades ou **linhagens** diferentes.
Se entre indivíduos de **mesma** espécie = acasalamento.
Se entre indivíduos de espécies **diferentes** = hibridação.
– Por vezes, usa-se também o termo híbrido para diferentes linhagens de mesma espécie (milho, aves, suínos, …).
# Objetivos do cruzamento
Acelerar o ganho genético
(incorporação de genes
desejáveis em uma
população).
Explorar a heterose
resultante.
Beneficiar-se da
complementariedade de
raças (combinar nas cruzas as
características desejáveis das
populações parentais).
Criação de novas raças
(cruzamento absorvente ou
formação das raças
sintéticas).
# Objetivos do cruzamento
>
# O que é heterose?
A heterose é o fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor, saúde ou produção) do que a média dos pais.
– É mais pronunciada quanto mais divergentes (geneticamente diferentes) forem as raças ou linhagens envolvidas no cruzamento
# Heterose
– É resultante da **heterozigose** e representa a superioridade média dos cruzados em relação à média de animais definidos (puros).
– Também chamada de vigor híbrido ou “choque de sangue”.
# Cálculo da heterose
\[H(\%) = \frac{(\mu_c – \mu_p)}{\mu_p} \times 100\]
– \(\mu_p =\) Média dos puros/pais (definidos)
– \(\mu_c =\) Média dos cruzados/filhos (mestiços)
A heterose é expressa em percentagem!
# Cálculo do efeito heterótico
\[ EH = \mu_c – \mu_p \]
– \( \mu_p = \) Média dos puros (definidos)
– \( \mu_c = \) Média dos cruzados (mestiços)
O efeito heterótico é expresso em valor absoluto!
# Exemplo:
Ex. 1. Bovinos das raças Nelore e Angus pesaram ao desmame, 170 kg e 190 kg, respectivamente. Seus contemporâneos, de primeira e segunda geração, oriundos do cruzamento alternado entre as referidas raças, pesaram em média idade 218 kg e 205 kg. Calcular a heterose e o efeito heterótico na primeira e segunda geração dos cruzamentos.
# Exemplo:
Ex. 1. Bovinos das raças Nelore e Angus pesaram ao desmame, 170 kg e 190 kg, respectivamente. Seus contemporâneos, de primeira e segunda geração, oriundos do cruzamento alternado entre as referidas raças, pesaram em média idade 218 kg e 205 kg. Calcular a heterose e o efeito heterótico na primeira e segunda geração dos cruzamentos.
Média dos puros = \( (170 + 190)/2 = 360/2 = 180 \, \text{kg} \)
Média cruzados \( (1^\circ \text{ geração}) = 218 \, \text{kg} \)
Média cruzados \( (2^\circ \text{ geração}) = 205 \, \text{kg} \)
# Exemplo:
**Heterose Primeira Geração (F₁)**
\[ H(\%) = \frac{(μ_c – μ_p)}{μ_p} \times 100 \]
\[ H(\%) = 218 – 180 \times 100 \]
**180**
\[ H(\%) = (38/180) \times 100 \]
\[ H(\%) = 0,2111 \times 100 \]
\[ H(\%) = 21,11\% \]
**Efeito heterótico (F₁)**
\[ EH = μ_c – μ_p \]
\[ EH = 218 – 180 = 38 \, \text{Kg} \]
# Exemplo:
**Heterose Segunda Geração (F₂)**
\[ H(\%) = \frac{(μ_c – μ_p)}{μ_p} \times 100 \]
\[ H(\%) = 205 – 180 \times 100 \]
**180**
\[ H(\%) = (25/180) \times 100 \]
\[ H(\%) = 0,1388 \times 100 \]
\[ H(\%) = 13,88\% \]
**Efeito heterótico (F₂)**
\[ EH = μ_c – μ_p \]
\[ EH = 205 – 180 = 25 \, \text{Kg} \]
# Exogamia
Tipos de cruzamento → 1. Cruzamento simples ou industrial
– Produz o máximo da expressão da heterose individual.
– Em teoria, os animais cruzados apresentam 100% de heterozigose.
– Também chamado de cruzamento terminal
| Esquema de cruzamento simples, composição genética dos pais e progênie, e heterozigose. |
|—|
| **Composição genética** | **Heterozigose (%)** |
| **Paterna** | **Materna** | **Progênie** |
| AA | Ne | ½ AA ½ Ne |
AA = Aberdeen Angus
Ne = Nelore
# Exogamia
Tipos de cruzamento → 2. Cruzamento Rotativo ou Alternado
– Basicamente dois tipos:
– Com duas raças (bi-cross)
– Com três raças (tri-cross)
– Consiste em alternar a raça do macho a cada geração e aproveitando as fêmeas mestiças produzidas pelo cruzamento.
# Exogamia
Esquema de cruzamento alternado de duas raças, composição genética dos pais e progênie, e heterozigose.
| Geração | Composição genética | Heterozigose (%) |
|—|—|—|
| | Paterna | Materna | Progênie |
| \( F_1 \) | AA | Ne | ½ AA ½ Ne |
| \( F_2 \) | Ne | ½ AA ½ Ne | ¾ Ne ¼ AA |
| \( F_3 \) | AA | ¾ Ne ¼ AA | 5/8 AA \(^3\)/8 Ne |
| \( F_4 \) | Ne | 5/8 AA \(^3\)/8 Ne | \(^{11}_{16}\) Ne \(^5\)/\(_{16}\) AA |
| \( F_5 \) | AA | \(^{11}_{16}\) Ne \(^5\)/\(_{16}\) AA | \(^{21}_{32}\) AA \(^{11}_{32}\) Ne |
| \( F_6 \) | Ne | \(^{21}_{32}\) AA \(^{11}_{32}\) Ne | \(^{43}_{64}\) Ne \(^{21}_{64}\) AA |
| \( F_7 \) | AA | \(^{43}_{64}\) Ne \(^{21}_{64}\) AA | \(^{85}_{128}\) AA \(^{43}_{128}\) Ne |
heterozigose é a quantidade de genes vindos de raças diferentes.
GESTRATÉGIA DE CRUZAMENTO
OPÇÃO A
TORRO GIR
HOLANDESA
VACA
1/2 HOL
1/2 GIR
VACA
1/4 HOL
3/4 GIR
TORRO HOLANDES
5/8 HOL
3/8 GIR
VACA
5/8 HOL
3/