Aula 3 – Fisiologia da Gestação e Parto

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Fisiologia Aplicada à Reprodução Animal

Tópicos Abordados

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• Fisiologia da gestação, do parto e do puerpério

Gestação

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• Período compreendido entre a fecundação e o nascimento caracterizado por alto nível de progesterona em circulação e íntimo contato materno-fetal.

Desenvolvimento Embrionário Inicial

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• Fertilização ocorre na ampola
• Fusão dos materiais genéticos é denominada singamia
• Clivagens (mitoses)
• Mórula
• Blastocisto
• O desenvolvimento de um embrião envolve a fusão de um ovócito e um espermatozoide nas tubas uterinas

Localização do Embrião

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• Útero: 5º dia
• Mórula, blastocisto inicial, blastocisto, blastocisto expandido, eclosão

Reconhecimento Materno da Gestação

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• Embrião sinaliza sua presença ao sistema materno para prolongar a vida funcional do CL (Corpo Lúteo)
• Interferon Tau (IFNT)

Produção de Interferon Tau (IFNT)

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• A produção de IFNT é diretamente proporcional ao tamanho do concepto
• Início do processo de alongamento

* No útero:

*   Ação parácrina

Período de Produção de IFNT

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• Entre os dias 7 e 26 (Pico dia 18)
• Entre os dias 6 e 25 (Pico dia 15)

Função do IFNT

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• Induz o elongamento do embrião

Relação da Progesterona (P4) com o IFNT

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* Funções da P4:

*   Manutenção da gestação
*   Nutrição do embrião (Histotrofo)
*   Quiescência
*   MUC-1

MUC-1 e Implantação

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• Enquanto o embrião não estiver alongado o suficiente, o útero irá produzir uma substância, a MUC1, para impedir a implantação precoce

Implantação e Placentação

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• Considera-se que o embrião está implantado quando ele se torna fixo na sua posição e estabelece contato físico e funcional com o útero
• Processo gradual
  • ↓ MUC-1 ↑ proteínas de adesão

Início da Implantação

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• Vaca e égua: 30 a 35 dias
• Porcas: 14 a 20 dias
• Ovelhas: 15 a 18 dias
• Cães e gatos: 13 a 15 dias

Transição Embrião → Feto

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• IFNT
• Embrião → Feto

Placentação

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* Tipos de placentação:

    *   As vilosidades coriônicas se dispõem de maneira uniforme por todo o córion
    *   Ocorre nos equinos e suínos
2.  **Cotiledonária:**
    *   As vilosidades se agrupam em estruturas proeminentes denominadas cotilédones
    *   Típica dos ruminantes
3.  **Zonária:**
    *   As vilosidades se reúnem em uma faixa que circunscreve a região média do córion
    *   Ocorre nos carnívoros
4.  **Discoidal:**
    *   As vilosidades se concentram em uma ou mais áreas do córion em forma de disco
    *   Ocorre em primatas e roedores

Funções da Placenta

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• A placenta atua como órgão endócrino
• Uma das funções importantes é a produção de progesterona
• Além de fornecer O2 e nutrientes para o metabolismo embrionário

Produção de Progesterona (P4) por Espécie

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• Ovelha: 50º dia de gestação
• Égua: 70º dia de gestação
• Gata: 40º dia de gestação
• Vaca: 225º dia de gestação
• Cadela: 50º dia de gestação
• Porca: Insuficiente

O que Acontece se o Corpo Lúteo for Destruído?

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• Depende da espécie e do tempo de gestação, pois em algumas espécies a placenta assume a produção de progesterona.

Estrutura da Placenta

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• A porção fetal é toda a parte externa do córion que se modifica para se unir à placenta materna. Chamada de cotilédone.
• A porção materna é a parte da mucosa uterina modificada que na vaca corresponde às carúnculas.
• Cotilédone + Carúncula = placentoma, corresponde a unidade materno-fetal que garante as trocas necessárias ao desenvolvimento do feto no interior do útero.

Anexos Embrionários

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• Estruturas que derivam do zigoto, contribuem (pouco) para a formação do embrião
• Córion
• Alantóide
• Saco vitelino
• Âmnion

Membrana Coriônica

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• É a membrana mais externa formando um saco completamente fechado e sem líquido.
• Tem função de proteção e garantia através da união entre feto e mãe de ocorrência de trocas respiratórias e nutritivas

Membrana Alantóide

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• É a membrana intermediária entre o córion e o âmnion.
• Apresenta membrana dupla: Alantocórion (aderida ao córion) e Alantoâmnion (aderida ao âmnion).
• Entre as membranas: forma-se uma bolsa repleta de líquido alantoidiano que está ligado a vesícula urinária do feto através do úraco.
• Coloração do líquido mais escura.

Volume de Líquido Alantoidiano ao Final da Gestação

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• 12 litros na vaca
• 15 litros na égua
• 2 litros nas ovelhas
• 500 mL nas cadelas

Membrana Amniótica

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• É a mais interna das membranas e encontra-se revestindo diretamente o feto, e parte do cordão umbilical.
• Apresenta-se com folheto duplo e forma uma bolsa repleta de líquido.
• O líquido amniótico existente nesta bolsa é viscoso e de cor clara. É proveniente da transudação da superfície cutânea do feto e do cordão umbilical, da secreção do folheto interno da membrana e das cavidades nasais e oral do feto.

Saco Vitelínico

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• Estrutura ligada ao intestino do embrião, que possui a função de envolver o vitelo (substância de reserva energética) do ovo
• Responsável pela nutrição.
• Mamíferos placentários: possui menor dimensão, pois o feto recebe nutrientes da placenta.

Duração da Gestação

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• Gata = 58 dias (+/- 2 d)
• Cadela = 63 dias (+/- 2 d)
• Porca = 114 dias (+/- 1 d)
• Cabra e ovelha = 150 dias (+/- 6 d)
• Vaca = 280 dias (+/- 10 d)
• Égua = 336 dias (+/- 1 d)

Parto nas Espécies Domésticas

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O Parto

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• Processo fisiológico pelo qual ocorre a expulsão de um ou mais fetos a termo, bem como das membranas fetais existentes no útero materno.
• Este processo é desencadeado por uma interação complexa entre os hormônios da mãe e fatores relacionados ao feto.
• Período de alto risco para vacas leiteiras com altas taxas de mortalidade
• Parto eutócico x Parto distócico
  • Eutocias ou parto normal: parto espontâneo com duração normal
  • Distocias: parto com dificuldade ou patológico

* O termo distocia vem do grego:

    *   Tokos = parto

Posição Fetal Normal

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• Não especificado no texto, mas a posição fetal normal é crucial para um parto eutócico.

Distocia x Assistência ao Parto

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• Prevalência de distocia é de 4,1 a 13,7%
• Taxa de assistência ao parto 10 a mais de 50% (Mee, 2008)

Causas de Distocia

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• Desproporção entre feto/pelve
• Posição fetal anormal (5%)
• Parto gemelar
• Falta de contração uterina
• Falta de dilatação do canal
• Má formação fetal

Mecanismos Hormonais do Parto

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• Útero quiescente → útero contrátil
  • Como?
    • Aumento do cortisol fetal
    • Inversão P4 – E2
      • E2: favorece a atividade contrátil espontânea do útero
    • PGF2a

Regulação Hormonal Detalhada do Parto

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• A maturação do feto traz mudanças que iniciam o processo de parto
• Principal sistema: hipotálamo → adenoipófise → córtex adrenal
• O cortisol fetal induz enzimas placentárias → transforma a síntese de progesterona em estrógenos → o aumento do estrógeno leva a secreção de prostaglandinas
• A PGF2a é o hormônio central para o começo do parto
• A ocitocina complementa a ação da PGF

Ação da PGF2a no Miométrio

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• A ação da PGF sobre o miométrio é a liberação do íon cálcio
• se liga a actina e miosina = contração
• induz relaxamento na cérvix = PRIMEIRO estágio do parto

* Na vaca, cabra, cadela e gata a síntese e liberação de PGF gera:

*   remoção completa da P4

Outros Hormônios Importantes no Parto

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• Relaxina
  • Abertura da sínfise púbica
  • Relaxamento dos ligamentos que circundam o canal pélvico
• Feto em contato com a cérvix → estímulos nervosos → alta produção de OCT pelo hipotálamo → Reflexo de Ferguson
  • Contrações uterinas e abdominais = SEGUNDO estágio do parto
• O TERCEIRO estágio do parto envolve a liberação dos anexos fetais

Estágios do Parto

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• 1ª Fase:
  • Período prodrômico / de preparação
  • Contrações uterinas (poucas) e dilatação da cérvix
• 2ª Fase:
  • Período de contração uterina e abdominal
  • Término com a completa expulsão do feto
• 3ª Fase:
  • Início após a expulsão do feto
  • Término após a expulsão dos anexos

Puerpério

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• É o intervalo entre o parto e o primeiro cio fértil

Modificações Fisiológicas no Útero Após o Parto

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• Primeira fase: eliminação da placenta
• Segunda fase: involução uterina

Reativação do Eixo HHG (Hipotálamo-Hipófise-Gônadas)

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• Equinos: eixo se restabelece 7 DPP (Dias Pós-Parto)
• Bovinos: eixo se restabelece 45 DPP
• Cadela: 90 a 120 DPP
• Demais espécies: poucos dias

Fases do Puerpério

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• PÓS-PARTAL:
  • do parto até 6 horas pós parto
  • Dores pós-partais, eliminação da placenta, eliminação loquial e involução rápida do útero
• PUERPÉRIO PRECOCE:
  • 6h até 10 dias pós-parto
  • Contrações uterinas, útero totalmente contornável no final desta fase e encerramento da secreção loquial
• PUERPÉRIO CLÍNICO:
  • D10 a D21
  • Útero involuído para o tamanho pré-gestacional
  • Modificações histológicas gestacionais do endométrio ainda detectáveis
• PUERPÉRIO BIOLÓGICO:
  • D21 a D42
  • Involução morfológica e funcional encerradas ao final do Puerpério Biológico (6 semanas)

Involução Uterina

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• O trato reprodutivo da vaca leva aproximadamente 30 dias para voltar ao estado pré-gestacional após o parto, esse processo é chamado de involução uterina

Expulsão da Placenta

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• Início: imediatamente após a expulsão do feto
• Final: liberação total da placenta

Fatores Envolvidos na Expulsão da Placenta

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• Contração uterina (miométrio)
• Perda da aderência materno fetal
• Maturação placentária
• Redução da irrigação
• Degeneração e necrose dos vilos coriônicos
• Processo de rejeição do tecido estranho processo imunológico

Lóquio

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• Lóquio fisiológico até em torno de 10 dias
  • Secreção pegajosa
  • Coloração: sanguínea até levemente avermelhada
  • Odor de carne fresca

* Lóquio Alterado:

Puerpério: 30 a 60 dias

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• Corno não gestante regride quase que totalmente
• Lóquio: secreção serosa inicialmente tem coloração sanguínea (2 a 3 dias)
• Entre o 7º e 14º dia: aumento do sangue → hemorragia do tecido caruncular
• Desaparece 30 DPP: restabelecimento do tecido caruncular

Tempo para Expulsão da Placenta

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• Expulsão da Placenta: 30 min a 6 horas
• Acima de 12 horas Patológico

Imagens da Involução Uterina

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• Imagens ilustrativas da involução uterina em diferentes dias pós-parto (1º, 4º, 10º, 15º)
  • Fonte: Senger, 2003; Rosemberguer, 2003

Espero que esta transcrição detalhada seja útil para seus estudos! Se precisar de mais alguma coisa, é só avisar.