19 werner patologia geral aplicada a veterinária​

##### Tecido Adiposo
Lipídios estão normalmente presentes em todas as células de todos os tecidos, mas há um tecido cuja função principal é o seu armazenamento: o tecido adiposo.

Existem dois tipos de tecido adiposo no organismo animal. O primeiro é o tecido adiposo “branco”, cuja função básica é depositar lipídios como reserva de energia e, adicionalmente, promover isolamento térmico e mecânico para músculos e vísceras. O segundo tipo é o tecido adiposo marrom, ou “gordura marrom”, cuja função básica é geração de calor. Neste último, os adipócitos são maiores, muito ricos em mitocôndrias e têm coloração mais escura que o tecido “branco”. Ele está presente em fetos e recém-nascidos, em adultos aclimatizados ao frio e em animais que hibernam. O tecido adiposo marrom, ou simplesmente gordura marrom, é extremamente importante na prevenção da hipotermia.

##### Obesidade
Obesidade é o acúmulo de tecido adiposo em quantidade superior à considerada normal para determinada espécie animal. Esse acúmulo frequentemente resulta de alimentação excessiva associada à inatividade em um ambiente protegido que não lhe representa perigo. Exceto em alguns animais que fisiologicamente aumentam suas reservas de tecido adiposo em preparação para a hibernação e em alguns mamíferos aquáticos, a obesidade já foi rara ou mesmo inexistente na maioria das espécies animais por ser um fenótipo incompatível com a sobrevivência do indivíduo em um meio natural seletivo. Contudo, com a alteração de hábitos naturais por interferência do homem, esse distúrbio tornou-se relativamente comum em animais que convivem com seres humanos (Figs. 6.1 e 6.2).

É difícil considerar como distúrbio algo que constitui uma ação normal do organismo: a tendência de estocar energia para eventuais tempos de escassez. Tampouco existem estudos conclusivos sobre o real impacto da obesidade na saúde de animais que não sejam de laboratório, embora haja consenso de que é prejudicial. O que se sabe e se pratica no manejo clínico da obesidade em animais é calcado no que se conhece a respeito do assunto na espécie humana e em animais de laboratório. É interessante lembrar que o extremo oposto da obesidade, isto é, a atrofia do tecido adiposo em decorrência da inanição, também é um distúrbio, discutido no Capítulo 4.

##### Infiltração Gordurosa
A infiltração gordurosa refere-se à presença de adipócitos no estroma (interstício) de órgãos e tecidos que normalmente não têm ou têm muito pouco tecido adiposo. Pode ser uma característica desejável na musculatura de animais de corte, pois dá maciez e mais sabor à carne (Fig. 6.3). Os adipócitos separam, mas não danificam – a não ser por eventual atrofia por compressão – as células parenquimatosas do órgão afetado. A infiltração gordurosa é comum em animais idosos e obesos. Embora a infiltração gordurosa e a transformação gordurosa frequentemente apareçam juntas, não há relação de causa entre elas.

##### Esteatose (Transformação Gordurosa)
O acúmulo de lipídios sob a forma de triglicerídios no citoplasma de células que não sejam os adipócitos chama-se esteatose, lipidose ou transformação gordurosa. Quando no fígado, pode ser denominado hepatose esteatorreica. O termo degeneração gordurosa, usado por alguns, é questionável porque a alteração resulta do processo metabólico normal de lipídios e é reversível, desde que não seja extremamente grave ou as células não tenham sofrido dano adicional por alguma substância tóxica, como o tetracloreto de carbono ou a aflatoxina no caso do fígado, por exemplo. A esteatose ocorre em todos os órgãos que metabolizam lipídios ou que os utilizam como fonte de energia, como o fígado e os rins ou o coração e os músculos, respectivamente. No fígado, por ser o principal órgão envolvido no metabolismo de lipídios, a esteatose é muito mais comum e pode ser particularmente grave. O tecido adiposo também metaboliza lipídios; contudo, em virtude de sua função, nele o acúmulo de lipídios não é considerado esteatose.

Mobilização de Lipídios
Ácidos graxos livres (AGL) originados de triglicerídios

O processo é reversível, isto é, se a proteinúria diminui, as gotículas desaparecem.

2. **No citoplasma de plasmócitos envolvidos na produção de imunoglobulinas.** Quando em excesso, os plasmócitos adquirem aspecto arredondado, com o citoplasma intensamente eosinofílico, e recebem o nome de corpúsculos de Russel.

3. **No epitélio do intestino delgado de animais recém-nascidos**, ao mamarem colostro. Isso é particularmente evidente em leitões. Durante as primeiras horas de vida, o epitélio intestinal é permeável às grandes moléculas de imunoglobulinas presentes no colostro, o que permite sua passagem para o plasma por intermédio das células epiteliais.

4. **Nos corpúsculos de inclusão viral.** Em algumas doenças virais, aglomerados de partículas virais – os corpúsculos de inclusão viral – são observados nas células infectadas e sua presença é tão característica que pode ser utilizada para o diagnóstico da doença. Os corpúsculos de inclusão viral podem ser intracitoplasmáticos, como na cinomose (corpúsculo de Lentz), na raiva (corpúsculo de Negri) ou na bouba (varíola) aviária (corpúsculo de Bollinger). Podem ser também intranucleares, como na própria cinomose, na herpesvirose e na hepatite viral canina (corpúsculos de Rubarth). A Figura 6.12 mostra corpúsculos de inclusão viral típicos de algumas doenças comuns em animais. A atribuição de nomes próprios aos corpúsculos (e às doenças), uma homenagem aos autores que os descreveram pela primeira vez, está cada vez mais em desuso, exceto para algumas doenças e síndromes clássicas. Os corpúsculos virais intranucleares não são, em sua maioria, eosinofílicos, mas basofílicos, em razão dos ácidos ribonucleicos. Na cinomose, todavia, os corpúsculos intracitoplasmáticos observados nas células da glia no sistema nervoso central são eosinofílicos.

##### Hialina Extracelular
Às vezes, a proteína é produzida na célula, mas se acumula extracelularmente, o que se considera uma forma de hialina extracelular.

Assim é considerado o colágeno hialinizado em velhas cicatrizes ou a hialina nos corpúsculos renais, na glomerulonefrite membranosa de origem autoimune. Neste caso, os depósitos proteicos são constituídos por complexos antígenos-anticorpos ou imunoglobulinas, geralmente a imunoglobulina A. Na glomerulonefrite crônica grave ocorre a chamada “obliteração hialina dos glomérulos”, na qual estes são substituídos por uma massa hialina acelular.

Os depósitos de fibrina antigos também são considerados hialina quando a fibrina perde sua característica fibrilar e adquire aspecto mais homogêneo. São exemplos a fibrina depositada nas superfícies peritoniais, nas peritonites fibrinosas crônicas, ou no interior dos “higromas”, que são lesões císticas resultantes de traumas repetitivos na pele sobre proeminências ósseas, principalmente no cotovelo de cães de grande porte (ver Fig. 10.15, no Cap. 10).

#### Amiloide
Amiloide é uma forma muito especial e patológica de proteína que se deposita extracelularmente em situações também especiais, embora relativamente comuns. A amiloidose, deposição de amiloide nos tecidos, possivelmente representa um distúrbio imunológico e será estudada com mais detalhes no Capítulo 13. Depósitos de amiloide aparecem em vários órgãos, sobretudo no rim e no baço, após certas condições clínicas; por exemplo, doenças infecciosas crônicas como tuberculose ou osteomielite, ou em animais sob estimulação antigênica intensa e duradoura, como aqueles utilizados na produção de soro antiofídico. A razão do nome amiloide é porque reage positivamente ao ser tratado com lugol – solução de iodo a 1% e iodeto de potássio a 2% em água – que, entre outros usos, pode ser utilizado para demonstrar a presença de amido.

Quando examinado ao microscópio, o amiloide aparece como uma substância extracelular amorfa, eosinofílica e hialina que, à medida que se deposita, comprime e causa atrofia nas células vizinhas.

 

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