18 werner patologia geral aplicada a veterinária​

#### Acondroplasia
É um distúrbio no crescimento dos ossos longos. Os ossos longos crescem pela transformação ordenada da cartilagem hialina das placas fisárias em tecido ósseo. As placas fisárias localizam-se nas metáfises e são responsáveis pelo crescimento longitudinal das diáfises. A acondroplasia é uma forma de nanismo desproporcional, em que os membros são proporcionalmente mais curtos que o restante do corpo, mas os demais órgãos têm proporções normais. Ao nascer, as proporções dos membros são semelhantes para indivíduos normais e anões e as manifestações da acondroplasia só se tornam evidentes com o crescimento do indivíduo. Os exemplos são muitos, de raças caninas consagradas, como o Pequinês e o Dachshund, aos minipôneis e minivacas criados apenas pela curiosidade que despertam.

#### Criptorquidia
Literalmente significa testículo escondido, pois um ou ambos os testículos não estão no escroto. É causada por um gene recessivo autossômico e ocorre em qualquer espécie animal. Quando a anomalia é unilateral, o animal não é estéril e transmite a anomalia para seus descendentes. O cruzamento de dois recessivos portadores produz uma descendência na proporção mendeliana de 1:2:1, ou seja, um normal, dois normais portadores e um criptorquida. O testículo pode ficar retido na cavidade abdominal ou no canal inguinal (Fig. 5.26).

#### Figura 5.26 – Criptorquidia. Cão.
Este cão tem o testículo esquerdo retido no canal inguinal (setas). Muitas vezes, esses testículos sofrem transformação neoplásica e torção do cordão espermático. Este cão tem também hipoplasia do prepúcio, o que causou exposição permanente da glande e balanite traumática.

#### Figura 5.27 – Testículo e gubernáculo. Feto equino.
Esta foto mostra o testículo de um feto equino de 6 a 7 meses de gestação. O canal inguinal e o escroto foram incisados para evidenciar o gubernáculo (setas), estrutura que orienta a descida do testículo para o interior do escroto. Note como o gubernáculo localiza-se entre o polo inferior do testículo e o fundo da bolsa escrotal.

As causas da criptorquidia são complexas e incluem descontrole hormonal, geralmente na produção e utilização de andrógenos, associado a causas mecânicas. A estrutura responsável por direcionar o testículo para o escroto é o gubernáculo (Fig. 5.27) e muitos atribuem a criptorquidia a uma falha em sua função, o que não é inteiramente verdade. Os fatores mecânicos mais comuns que, quando aliados a um controle hormonal defeituoso, podem causar a alteração são malformações do anel, do canal inguinal ou do cremáster; hiperatividade cremastérica; diâmetro testicular maior que o anel inguinal; canal deferente ou artéria espermática curtos; e ausência de escroto.

Quando a criptorquidia é bilateral, o animal é estéril, pois, para que haja produção de espermatozoides maduros e viáveis, é necessário que o testículo se mantenha a uma temperatura 1,5 a 2°C inferior à temperatura intra-abdominal. Entretanto, se a criptorquidia é unilateral, a espermatogênese é inalterada no testículo normal e existe a possibilidade de transmitir a alteração para a descendência. Além disso, a produção de testosterona pelo testículo críptico não diminui e, pelo menos no cavalo, até aumenta, o que faz com que cavalos com testículos crípticos tenham maior libido e mais agressividade que os demais, o que os torna até perigosos. Contudo, essas não são as principais complicações da criptorquidia, mas sim a maior possibilidade de o testículo retido sofrer torções ou neoplasias.

#### Hérnias Inguinoescrotal e Umbilical
Esses dois tipos de hérnia são muito importantes economicamente, sobretudo em suínos. Nem todos os casos são hereditários, mas, na dúvida, nenhum animal portador dessas anomalias deve ser utilizado na reprodução. Os reprodutores suspeitos de serem responsáveis pela transmissão dessas características são rotineiramente descartados.

Muitas outras anomalias, por não serem morfologicamente evidentes, passam despercebidas, como certos defeitos enzimáticos ou metabólicos, que resultam, por exemplo, em diabetes e doenças de armazenamento, como a manosidose e muitas outras.

### Bibliografia
– DORLAND. Dorland’s Illustrated Medical Dictionary. 31. ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2007. 2208p.
– DYCE. K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990. 567p.
– FOSTER, R. F. Female reproductive system. In: MCGAVIN, M. D.; ZACHARY, J. F. Pathologic Basis of Veterinary Disease. 4. ed. St. Louis: Mosby Elsevier, 2007. Cap. 18, p. 1263-1315.
– KENNEDY, P. C.; MILLER, R. B. The female genital system. In: JUBB, K. V. F.; KENNEDY, P. C.; PALMER, N. Pathology of Domestic Animals. 4. ed. San Diego: Academic Press, 1993. v. 3, cap. 4, p. 349-470.
– NIEBERLE, K.; COHRS, P. Anatomia Patológica dos Animais Domésticos. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1970. v. 1-2.

### Acúmulos ou Deposições de Substâncias

Sob certas condições, substâncias acumulam-se no núcleo ou no citoplasma das células ou se depositam no espaço intercelular. O estudo dessas alterações é importante porque sua presença pode ser evidência de doenças primárias. Enquanto alguns dos acúmulos intracelulares aparentemente não causam alterações funcionais, outros sobrecarregam as células e causam disfunção. Esses acúmulos podem ocorrer por três razões:

1. **Substância endógena normal** produzida em ritmo normal ou acelerado, mas cuja velocidade do metabolismo é insuficiente para removê-la (por exemplo, lipídios, proteínas, carboidratos).
2. **Substância endógena normal ou anormal** que se acumula em decorrência de defeito congênito ou adquirido em seu metabolismo, transporte ou excreção (por exemplo, doenças de armazenamento, como a manosidose).
3. **Substância exógena anormal** que se acumula porque a célula não possui as enzimas necessárias para metabolizá-la ou não tem capacidade de removê-la (por exemplo, as pneumoconioses por carvão, asbestos ou sílica e os pigmentos de tatuagem).

#### Lipídios
Todas as formas principais de lipídio podem se acumular nas células, mas os triglicerídios são os mais comuns. Os acúmulos de colesterol em animais não têm a mesma importância que em seres humanos. As alterações envolvendo excesso de triglicerídios podem ser de três tipos: *obesidade*, *infiltração gordurosa* e *esteatose*.

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