1 werner patologia geral aplicada a veterinária

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Pedro R. Werner

PATOLOGIA GERAL

VETERINARIA

APLICADA

ROCA

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# PATOLOGIA GERAL
# VETERINARIA
# APLICADA

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# PATOLOGIA GERAL
## VETERINÁRIA
## APLICADA

Pedro R. Werner, Vet., MMV, Ph.D

Professor Titular de Patologia Veterinária (aposentado) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ex-professor de Patologia Veterinária da Universidade Paranaense (Unipar) e da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Membro do Colégio Brasileiro de Patologia Animal. Membro da Academia Paranaense de Medicina Veterinária.

* * *

**ROCA**

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# Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço aos membros de minha família, por tantas vezes terem seus planos colocados em segundo lugar em favor dos meus. À Dra. Juliana Werner, filha, colega e colaboradora, pelo auxílio na preparação de parte do material que ilustra esta obra. Aos colegas que me brindaram com imagens ou que enviaram casos que ilustram ou enriquecem este texto, ao mesmo tempo em que peço perdão caso tenha esquecido o nome de alguns deles. A todos os colegas e amigos que me estimularam a enfrentar a tarefa nada fácil de escrever um livro, especialmente o Dr. Zalmir S. Cubas, ex-aluno e hoje colega e confrade. Finalmente, sinto-me honrado por ter a Editora Roca por trás deste livro, uma editora cujo nome empresta credibilidade à obra publicada.

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# Apresentação

Este livro tem um enfoque um pouco diferente dos tradicionais livros de patologia geral, principalmente na maneira como os diversos assuntos são tratados. Tentou-se fugir do academicismo, muitas vezes excessivo, presente nos textos tradicionais ligados à patologia geral, para se aproximar mais da prática rotineira da medicina veterinária. Deu-se ênfase à morfologia e à patogênese das lesões básicas, correlacionando-as com o diagnóstico morfológico das doenças e usando, sempre que possível, muitos exemplos e ilustrações, com enfoque teórico-prático conciso, direto e aplicável. Contudo, apesar da abundante iconografia, tentou-se também fugir do tradicional “atlas” de patologia. As imagens não são meramente ilustrativas e as legendas das figuras trazem muitas informações adicionais, principalmente quanto ao diagnóstico das alterações apresentadas.

Sempre que possível, abordam-se técnicas e procedimentos necroscópicos e avaliação macroscópica de lesões, na tentativa de estimular a execução de necropsias. Além de ser o mais prático e preciso método diagnóstico disponível aos médicos veterinários, o exame necroscópico oferece uma oportunidade inestimável para estudo e revisão de conhecimentos médicos, para confirmação, ou não, de diagnósticos clínicos e para avaliação da eficiência e qualidade dos métodos terapêuticos empregados naquele paciente.

Por fim, além de ser dirigido ao estudante, tentando fazer do estudo da patologia geral algo realmente interessante, este texto poderá ser utilizado também pelo profissional médico veterinário como fonte de consulta rápida e confiável tanto para revisão de conceitos como para auxílio no reconhecimento e na interpretação das lesões básicas.

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# Índice

## Capítulo 1
Introdução à Patologia Animal…… 1

## Capítulo 2
Etiologia…… 15

## Capítulo 3
Agressão à Célula…… 49

## Capítulo 4
Adaptações Celulares às Agressões…… 63

## Capítulo 5
Anomalias no Desenvolvimento…… 81

## Capítulo 6
Acúmulos ou Deposições de Substâncias…… 103

## Capítulo 7
Morte Somática – Alterações Post Mortem…… 145

## Capítulo 8
Morte Celular – Apoptose e Necrose…… 163

## Capítulo 9
Neoplasia…… 189

## Capítulo 10
Inflamação…… 233

## Capítulo 11
Reparação…… 271

## Capítulo 12
Distúrbios Hidro e Hemodinâmicos…… 293

## Capítulo 13
Doenças Imunológicas…… 337

Índice Remissivo…… 363

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# Capítulo 1

Introdução à Patologia Animal

Patologia é o estudo (*logos*) da doença (*pathos*). A identificação de uma doença com base nas alterações morfológicas induzidas nos órgãos e tecidos é o mais antigo e universal método de diagnóstico da prática médica. No passado, e em seu nível mais simples, a patologia interessava-se primariamente pelas manifestações morfológicas das doenças nos órgãos e tecidos, o que lhe valeu a alcunha de *anatomia patológica*. Com a evolução e a exigência de conhecimento mais refinado, a patologia deixou de se interessar apenas pelas alterações morfológicas causadas pelas doenças e passou a estudar as doenças em si. Passou-se a considerar não mais apenas o *quê*, mas também o *porquê* e o *como* das doenças. Hoje, como disciplina acadêmica e além de seu papel basicamente diagnóstico, a patologia atua como ponte entre as ciências básicas e a prática efetiva da medicina veterinária.

Embora na prática médica essa divisão não exista, academicamente a patologia é dividida em geral e especial. A **patologia geral** estuda as *alterações básicas e comuns a várias células, tecidos e órgãos das várias espécies animais*; a **patologia especial** (ou sistêmica), *a presença, as causas e os efeitos daquelas alterações básicas em órgãos, sistemas e aparelhos orgânicos específicos*. É muito importante considerar que qualquer das alterações básicas estudadas na patologia geral é estrutural e funcionalmente muito semelhante, para não dizer idêntica, seja qual for a causa, o tecido, o órgão ou a espécie animal onde se apresenta. Assim, por exemplo, a reação inflamatória básica observada no pulmão de um herbívoro é muito semelhante àquela observada no fígado de um carnívoro ou no intestino de uma ave. O mesmo vale para todas as outras alterações estudadas na patologia geral, como a neoplasia, o edema, etc. O que varia são certas nuanças morfológicas, ou a intensidade ou o quadro clínico exibido pelo animal. Nunca se deve esquecer que existem muito mais semelhanças que diferenças entre as espécies animais.

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Na patologia, a doença é estudada em seus quatro aspectos principais: sua **causa** (*etiologia*); os processos envolvidos em seu desenvolvimento (*patogênese*); as **alterações morfológicas** induzidas nos órgãos e tecidos (*as lesões*) e as **consequências funcionais** dessas alterações (*as manifestações clínicas*). Apesar desse papel amplo, seu foco principal continua sendo a lesão, que é a *alteração morfológica consequente à doença*. Alguns autores consideram também as alterações funcionais e bioquímicas como lesões. O exercício da patologia diagnóstica se faz estudando e identificando as alterações morfológicas e bioquímicas causadas pela doença no organismo animal.

A iniciação e a evolução do processo mórbido são pontos de grande interesse na patologia, estudados na **patogênese**. Na patogênese, estuda-se a *sequência de eventos que constitui a resposta das células e tecidos aos agentes causais, desde seu primeiro contato com o organismo até a deflagração do processo mórbido*. Os agentes causais da doença, ou agentes etiológicos, são estudados na **etiologia**. É necessário certo cuidado no uso do termo *etiologia*, pois existe uma tendência em utilizá-lo como sinônimo de “causa” da doença, o que é errado. O fator que causa ou desencadeia a doença é o *agente causal* ou *agente etiológico*; **etiologia** é o estudo desses agentes. Existem duas grandes classes de fatores capazes de desencadear doenças: os fatores intrínsecos ou genéticos e os fatores adquiridos, como agentes infecciosos, nutricionais, químicos ou físicos, os quais serão estudados no Capítulo 2.

Virtualmente todas as formas de lesão iniciam-se com alterações em nível molecular nas células, um conceito já posto em prática no século XIX por Rudolf Virchow, conhecido como “o pai da patologia moderna ou da patologia celular”. Pela facilidade de se reconhecer e estudar as alterações patológicas em nível microscópico, duas importantes especializações na patologia diagnóstica foram criadas: a **citopatologia** e a **histopatologia**. A primeira estuda as alterações morfológicas observadas nas células isoladamente; a segunda se dedica às mudanças observadas na arquitetura dos tecidos, bem como nas próprias células. Em vista da vastidão do conhecimento envolvido e das exigências das ciências médicas, a patologia passou a ter diversas subespecialidades voltadas ao estudo das doenças de órgãos, aparelhos ou sistemas orgânicos específicos, ou mesmo de espécies ou grupos de animais específicos. Assim, por exemplo, passaram a existir a neuropatologia, a imunopatologia, a ornitopatologia e muitas outras.

Neste texto, dar-se-á maior ênfase ao estudo e ao diagnóstico das alterações patológicas macroscópicas, como são vistas à necropsia, por exemplo. O estudo das alterações em níveis histológico e etiológico é intencionalmente minimizado, com a intenção de trazer a patologia geral mais perto do exercício rotineiro da medicina veterinária, na tentativa de despertar, nos estudantes e profissionais, maior interesse e dedicação pela patologia.

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# Diagnóstico

Todo médico veterinário que atua na prática médica da profissão é, na essência, um patologista. Ao examinar um paciente, seu objetivo inicial é reconhecer, identificar e nomear a lesão observada e, em seguida, apontar a doença que causou aquela lesão. Em outras palavras, seu objetivo é **diagnosticar**. A chave para o diagnóstico é a habilidade de reconhecer lesões no animal, seja durante o exame físico ou durante o exame necroscópico (necropsia). De posse do diagnóstico, ele pode estabelecer o tratamento e o prognóstico. Em medicina, *prognóstico* é a previsão da evolução de um processo mórbido. De acordo com o enfoque, existem vários tipos de diagnóstico.

## Tipos de Diagnóstico

### Diagnóstico Morfológico

O diagnóstico morfológico informa o órgão alterado e a lesão observada (por exemplo, *enterite granulomatosa*). Deve-se lembrar que o sufixo *-ite*, quando adicionado à raiz latina ou grega que nomeia um órgão, sempre indica *inflamação* do órgão em questão. Já o sufixo *-ose* indica doenças não inflamatórias, em geral degenerativas (por exemplo, *hepatose nutricional* ou *nefrose tóxica*). Uma técnica muito interessante para designar uma doença cujo diagnóstico ainda não está bem definido, ou quando se deseja usar um termo genérico e absolutamente não específico, é utilizar o sufixo *-patia* após a raiz que indica o órgão (por exemplo, hepatopatia, nefropatia, etc.).

O diagnóstico morfológico *ideal* informa o órgão lesado, o tipo de lesão básica, a distribuição das lesões e o tempo de evolução da lesão (por exemplo, *hepatite necrótico-purulenta multifocal crônica* informa que o fígado tem uma doença inflamatória de longa duração caracterizada pela presença de muitos focos necróticos contendo pus).

### Diagnóstico Etiológico

O diagnóstico etiológico informa, além do diagnóstico morfológico, o agente causador (por exemplo, *enterite granulomatosa* por *Mycobacterium avium* subespécie *paratuberculosis* [MAP]).

### Diagnóstico Definitivo

O diagnóstico definitivo informa o nome da doença responsável pelas lesões observadas. A menção do nome da doença dispensa demais informações (por exemplo, *paratuberculose* ou *doença de Johne [enterite granulomatosa por M. avium]*).

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